15 de agosto de 2011

Jovens dizem que carrinho tinha 5 pessoas quando se soltou em parque

Luciano e Leandro estavam no brinquedo que atingiu jovem na bilheteria.
Polícia investiga se excesso de peso causou acidente no Rio.

Cláudia Loureiro Do G1 RJ
Medo de morrer. Foi essa sensação descrita por dois jovens que estavam no carrinho que despencou de um brinquedo num parque de diversões em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio. O acidente aconteceu no domingo (14) e matou uma jovem de 17 anos e deixou outras oito pessoas feridas. Segundo os jovens, ouvidos pelo G1 nesta manhã, cinco pessoas estavam no carrinho no momento do acidente.
“Éramos cinco no carrinho. Eu, o Leandro, o Marlon, o Romário e o Guarabira, que ainda tá internado. O funcionário pegou os ingressos e deixou a gente entrar numa boa. Ele não falou nada. Mudo estava e mudo ficou”, conta o auxiliar administrativo Luciano Ferreira dos Santos, de 29 anos.
A delegada Adriana Belém, da 42ª DP (Recreio), investiga se o excesso de peso causou o acidente. Segundo ela, o carrinho comporta quatro pessoas. Já ouvido pela polícia, um dos responsáveis pelo parque, afirmou que eram quatro no brinquedo.
Luciano diz que ouviu apenas um estalo antes do brinquedo se soltar. “Ouvi um estalo e carro saiu voando. Foi tudo muito rápido. O carrinho bateu no chão e bati a cabeça. Apaguei. Fiquei desacordado e, quando acordei, estava todo ensanguentado”.
Ele diz que não viu a jovem Alessandra Aguilar ser atingida. Ela morreu ao ser atingida na fila da bilheteria. Luciano sofreu um corte da cabeça. Ele foi medicado no Hospital Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul do Rio, e liberado ainda no domingo.
Com 26 anos, o auxiliar de pedreiro Leandro da Conceição também estava no carrinho. Ele diz que também ouviu um estalo antes de cair do alto. Segundo ele, em nenhum momento o funcionário do parque impediu os cinco jovens de entrarem no brinquedo. “Ele não falou nada”.
Assim como Luciano, Leandro sofreu um corte na cabeça e foi atendido no Miguel Couto.
O corpo da jovem Alessandra da Silva Aguilar, de 17 anos, foi enterrado nesta segunda, no Cemitério de Inhaúma, no subúrbio.
Perícia no parque
Mais cedo, a delegada Adriana Belém, da 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes), informou ao G1 que iria ao parque de diversões acompanhar o trabalho dos peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) no local, que fica em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio.
Adriana Pretende ouvir o engenheiro que deu a autorização para o funcionamento do brinquedo, um motoboy que estava no brinquedo, os pais da jovem que morreu e outras testemunhas, mas não informou se ouvirá essas pessoas ainda nesta segunda.
Os donos do parque disseram também que têm um laudo de um engenheiro autorizando o funcionamento do brinquedo. Segundo a delegada Adriana Belém, eles também apresentaram uma autorização de funcionamento concedida pelo Corpo de Bombeiro
De acordo com a delegada, os donos do parque de diversões vão reponder por homicídio culposo e lesão corporal por cada ferido. A polícia já ouviu os promotores da festa e o funcionário responsável pelo brinquedo.
Falta de alvará
Na noite de domingo (14), a Secretaria Especial da Ordem Pública do Rio de Janeiro (Seop) confirmou que o parque de diversões não tinha alvará de funcionamento; os donos do parque tinham autorização do Corpo de Bombeiros, mas não deram entrada nos documentos. O parque foi multado em R$ 535, 50 e vai continuar interditado, disse a Seop. Para a prefeitura do Rio, o parque em Vargem Grande é considerado clandestino.
Perícia inicial apontou má conservação
A perícia inicial, feita no parque no domingo, mostrou que o brinquedo onde ocorreu o acidente estava em mau estado de conservação. No entanto, a delegada informou que o laudo oficial com as causas do acidente só deve sair em 15 dias.
De acordo com a delegada, se for comprovado que o brinquedo não tinha condições de funcionar, o engenheiro responsável pelo laudo pode responder por falsidade ideológica.
Feridos
Procurada pelo G1 no domingo, a Secretaria municipal de Saúde confirmou que duas vítimas - Vítor Alcântara Oliveira, de 16 anos, e Daiane Mesquita, de 17 - estão internadas no CTI do Miguel Couto em estado grave. Ambos tiveram traumatismo craniano.
Três feridos foram levados para o Lourenço Jorge. Pamela Beatriz, de 17 anos, está estável. Ana Gabrieli Vandeli, de 18 anos, está em observação, mas seu estado de saúde é estável. Inicialmente, a secretaria havia informado que Pamela e Ana Gabrieli teriam tido alta, mas durante a tarde de domingo essa informação foi retificada.
A jovem Francine Santana, de 20 anos, também foi encaminhada para o Lourenço Jorge e diagnosticada com uma fratura de mandíbula. No fim da tarde ela foi transferida para o Hospital Miguel Couto para ser atendida por um neurologista.
Já sobre os outros três feridos, não há informação. Eles não foram localizados nos hospitais municipais para onde teriam sido levados.g1

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