26 de maio de 2011

Laudo do IML que identifica corpo de Evandro foi assinado por auxiliar que estudou até a 3° série

O julgamento de Beatriz Abagge (47) principal acusada de ter torturado e matado o garoto Evandro Ramos Caetano, em 1992, que está marcado para esta sexta-feira (27), ganhou mais um capítulo hoje (26). Em entrevista à Banda B, o médico perito Alexsandro Cavalcanti, contratado pela defesa, afirmou que o termo de reconhecimento técnico odontológico do Instituto Médico Legal de Curitiba (IML), que deveria ter sido assinado por médicos odontologistas, foi rubricado pela funcionária do instituto na época, Carmelina Blagineki, que cursou até a 3ª série do ensino fundamental. Segundo o médico perito, por ser uma assistente de necropsia, Carmelina não teria capacidade técnica para assinar o laudo, o que segundo a defesa, invalida a principal prova que reconhece o cadáver como sendo de Evandro.
“Analisando os laudos, me chamou a atenção a assinatura da Dona Carmelina, que inclusive é conhecida por todos devido a seu trabalho no local. Ela era assistente de necropsia, aposentada há onze anos e, portanto, não tinha capacidade técnica para assinar este laudo. Não existe a possibilidade jurídica de que este termo seja identificado por alguém que não seja habilitado. Entramos em contato com a Carmelina, que nem se lembrava de ter assinado este documento. Por isso, a levamos hoje para reconhecer este documento no Tribunal do Júri de Curitiba”, disse ele.
Após chegar ao tribunal, a defesa alega ter perdido o contato com Carmelina. “Ela foi levada pelos promotores para uma sala e não tivemos mais contato com a senhora, o que nos deixou bastante surpreso, já que ela foi lá para um procedimento legal”, disse Alexsandro. Outro fato que pegou a defesa de surpresa foi descrito pelo médico perito. “Além de tudo isso, o reconhecimento da arcada dentária feito pela dentista foi de uma profissional que não apresentou os relatórios do atendimento feitos pelo SUS, logo, ela fez apenas com base de lembranças do atendimento que fez ao garoto Evandro; ou seja, isso também invalida a perícia técnica do documento", argumenta o advogado.
Julgamento
Nesta sexta-feira (27) Beatriz Abagge (47) estará sentada no banco dos réus. Com a aparição de Carmelina, a defesa espera que o Ministério Público suspenda o julgamento e peça a exumação do corpo. “Qual o medo que eles têm em não fazer isso? É necessária uma nova autópsia para se comprovar, já que o exame principal para comprovar se era o corpo de Evandro foi feito por uma pessoa que não pode assinar um termo, afinal, ela não é uma médica odontologista”, relatou
Questionado sobre o exame de DNA e a identificação do pai, também usado como provas para o reconhecimento de Evandro, Alexsandro foi taxativo. “A tese principal que era a da arcada dentária, caiu por terra. O reconhecimento pelo DNA foi feito em um método precário, além disso, o corpo estava em um estado em que o pai não teria a capacidade de reconhecer o próprio filho”, finalizou.
Com esta nova informação, a defesa de Beatriz Abagge tem a sua expectativa aumentada para saber de que modo a aparição de Carmelina irá mudar o rumo do caso. O julgamento está marcado para às 9 horas.

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