28 de setembro de 2011

Estudantes fazem homenagem a aluno morto em escola no ABC

Eles soltaram balões brancos na escola de São Caetano do Sul nesta manhã.
Pais de aluno que se matou foram a delegacia para prestar depoimento.


Alunos soltaram balões brancos em escola do ABC (Foto: Adriano Lima/Foto Arena/AE)Alunos soltaram balões brancos em escola do ABC (Foto: Adriano Lima/Foto Arena/AE)
Alunos da Escola Municipal Professora Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, no ABC, soltaram balões brancos na escola na manhã desta quarta-feira (28) em um ato de homenagem a Davi Mota Nogueira, o aluno morto, e à professora Rosileide Queiroz de Oliveira, que foi baleada. Davi atirou em Rosileide dentro de sala de aula e se matou em seguida na última quinta-feira (22). As aulas foram suspensas após o crime, e retomadas nesta manhã.
Os portões da unidade de ensino, que aparece bem colocada nas avaliações federais, foram abertos às 7h. Vestidos com camisetas brancas e segurando rosas e balões da mesma cor, os estudantes do 1º ao 3º ano do ensino médio, entraram no melhor colégio público do estado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
As cores claras também foram uma maneira de homenagear o aluno e a professora. Os estudantes combinaram um ato silencioso e simbólico pela internet, por meio das redes sociais como o Facebook. Eles querem pedir paz e estão programando uma passeata após as aulas
Poucos alunos foram à escola acompanhados dos pais. Sob os olhares dos jornalistas, que não puderam entrar na escola, os estudantes diziam estar abalados emocionalmente em retornar ao local da tragédia. Outros falaram ter medo de passar pela sala, corredor e escada onde ocorreu o crime.
“Nem sei como vou olhar para aquele corredor, aquela escada. Eu estudo pela manhã, o crime foi á tarde, mas o local onde a tragédia ocorreu é emblemático. Minha mãe ficou em pânico ao saber que o aluno atirou na professora e se matou”, disse a estudante Giovanna de Souza Carrara, de 15 anos, que segurava uma rosa branca. “Atendi ao pedido pela internet. Acho que vou depositá-la ai dentro mesmo”.
Depoimentos
Também na manhã desta quarta, os pais e o irmão de Davi chegaram ao 3º Distrito Policial de São Caetano do Sul, que investiga o caso, para prestarem depoimento. A arma usada por Davi pertence ao pai do atirador, que é guarda-civil municipal na cidade. Milton Evangelista Nogueira, de 42 anos, pode ser responsabilizado por negligência por não ter impedido o filho de pegar o revólver calibre 38 que ele guarvada em casa.
Pais de Davi chegam a delegacia em São Caetano do Sul (Foto: Adriano Lima/Foto Arena/AE)Pais de Davi chegam a delegacia em São Caetano
do Sul (Foto: Adriano Lima/Foto Arena/AE)
Ele e sua mulher, Elenice Mota Nogueira, 38, e o filho do casal, de 14 anos, entraram na delegacia junto a delegada titular, Lucy Fernandes, por volta das 9h30, sem falar com a imprensa. Ela havia dito que iria ouvi-los a partir das 10h. O primeiro a ser ouvido é o pai, depois serão ouvidos a mãe e filho, todos em separado.
Como a motivação para o crime ainda é um mistério para a investigação policial, a delegada quer falar com a família de Davi para saber como o pai do garoto guardava essa arma em casa - Davi entrou com o revólver escondido dentro da mochila; se o desenho achado dentro da mochila do garoto é mesmo dele - a imagem retrata um garoto segurando duas armas ao lado de um professor; e como era o comportamento do menino, segundo a sua família.
Entre as hipóteses apuradas pela polícia para explicar o crime, estão desde bullying até disparo acidental. Ou o garoto quis se vingar da professora porque não gostaria dela ou sofreria humilhações ou teria tentado dar um susto na professora, mas a brincadeira saiu errada e ele se matou com medo das consequências.
Em entrevista ao G1 no último domingo (25), Milton afirmou que o aconteceu com seu filho foi uma fatalidade “sem explicação”. Ao Fantástico, o pai de Davi afirmou que guardava a arma num armário. O pai disse que havia sido a primeira vez que guardou a arma carregada com balas. E falou ainda que procurou os filhos, indo até a escola deles, quando sentiu a falta do revólver. Segundo ele, ao indagá-los, os dois disseram que não haviam pego a arma. Em seguida, Milton disse que ia registrar a queixa do desaparecimento dela na delegacia quando soube da tragédia.
Professora
A própria professora Rosileide afirmou nunca ter tido qualquer problema com Davi, segundo disseram seus parentes ao G1. Ela deve passar por uma nova cirurgia nesta quarta-feira (28), segundo informou a assessoria de imprensa do Hospital das Clínicas de São Paulo, onde ela está internada. Quando foi atingida no quadril pelo disparo, ela caiu e fraturou a patela do joelho, que foi imobilizada no dia e agora terá de ser fixada.
Atualmente, Rosileide está em observação num quarto do hospital. Ela se recupera da cirurgia que retirou a bala que a feriu. Seu estado de saúde é estável. Ela não corre risco de morrer. Não há previsão de alta de quando será o dia que ela deixará o hospital.
A delegada Lucy pretende ouvir o depoimento de Rosileide a partir das 10h de quinta-feira (29) ainda no hospital em São Paulo. Para a professora, a polícia irá perguntar se ela já foi ameaçada pelo aluno.g1

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