12 de dezembro de 2013

Mãe do menino Joaquim é libertada após conseguir habeas corpus

A mãe do menino Joaquim, Natália Ponte, foi libertada da Cadeia Feminina de Franca (SP) na tarde desta quarta-feira (11). Natália deixou a unidade por volta das 17h30 em um carro escoltado pela polícia. Ela não deu declarações e alguns moradores chegaram a dar socos na lataria do veículo em que ela estava, enquanto outros a chamaram de assassina. A psicóloga conseguiu a liberdade depois que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu, na terça-feira (10), o habeas corpus. O pedido foi impetrado por um advogado de São Paulo, que não participa do caso.
Natália estava presa temporariamente desde 10 de novembro, quando o corpo de Joaquim foi encontrado boiando no Rio Pardo, em Barretos (SP). O padrasto do menino, Guilherme Longo, segue detido em uma cela da Delegacia Seccional de Barretos. O casal é considerado pela polícia suspeito de envolvimento na morte e no desaparecimento do garoto, e teve a prisão temporária prorrogada, na segunda-feira (9), por mais 30 dias. Eles alegam inocência.Para o defensor instituído de Natália, o advogado Cássio Alberto Ferreira, o pedido de habeas corpus feito por Carbone Sobrinho e a decisão do juiz podem prejudicar a mãe de Joaquim. "Eu não arriscaria ter entrado com esse pedido. Não sei se isso [habeas corpus] vai comprometê-la ou não no inquérito. Até agora ela estava auxiliando a polícia e estava dando tudo certo", afirmou na tarde de terça-feira (10).
Natália Ponte foi libertada por volta das 17h30 desta quarta-feira da Cadeia Feminina de Franca, SP (Foto: Reprodução/EPTV)Natália Ponte foi libertada às 17h30 de quarta-feira da Cadeia Feminina de Franca (Foto: Antônio Luiz/EPTV
Retaliação
O promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino diz que mesmo que o TJ-SP entenda que a soltura da mãe de Joaquim não seja prejudicial para as investigações, podem ocorrer retaliações por parte da população. “Ela [Natália] deveria ficar presa para a preservação da sua integridade física, porque é um caso de muita comoção e nós não temos como controlar e nem prevenir qualquer atitude que a coloque em risco”, afirmou Nicolino.
Ainda segundo o promotor, o habeas corpus não influencia no andamento das investigações e nem a isenta de participação, ainda que indireta, na morte do menino de 3 anos. “Isso não atrapalha em nada a nossa convicção sobre a responsabilidade dela, principalmente por ter sido omissa, diante de todo o cenário que ela traçou para a polícia sobre o Guilherme Longo”, disse.
O caso
Desde o início da investigação, a Polícia Civil aponta para o fato de que Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, que fazia tratamento contra diabetes – doença recém-descoberta pela família – possa ter morrido por uma alta dosagem de insulina. A hipótese surgiu, segundo a polícia, com os primeiros depoimentos de Natália e de Longo após a prisão. O padrasto afirmou ter tentado se matar, dois dias antes do desaparecimento de Joaquim, aplicando em si mesmo 30 unidades de insulina.
Moradores chamaram Natália de assassina e deram socos no carro em que ela deixou a Cadeia de Franca (Foto: Reprodução/EPTV)Moradores chamaram Natália de assassina quando
ela deixou a cadeia (Foto: Reprodução/EPTV)
Antes, porém, havia afirmado à companheira que teria autoaplicado apenas duas unidades. As informações divergentes foram relatadas por Natália à polícia, contando que também encontrou uma pesquisa feita por Longo na internet, sobre os riscos do uso de insulina. A psicóloga ainda descreve Longo como uma pessoa agressiva e ciumenta.
Na semana passada, Nicolino afirmou que, dias antes do sumiço de Joaquim, o padrasto havia comprado cinco ampolas de insulina, além de uma caneta aplicadora. Uma das ampolas teria sido usada no garoto e outras três foram apreendidas pela polícia na casa da família. “Uma desapareceu”, disse.
Na segunda-feira (9), o delegado afirmou que os exames feitos nas vísceras e no sangue de Joaquim e que poderiam apontar a insulina em excesso no organismo do menino não detectaram a substância. Segundo Castro, o resultado não altera a linha de investigação, uma vez que especialistas confirmaram que a insulina é metabolizada rapidamente pelo organismo.
Apesar de a Polícia Civil e o Ministério Público de Ribeirão Preto (SP) afirmarem categoricamente que o padrasto é o principal suspeito de cometer o crime – e que tinha motivações para isso –, ainda não está claro como, de fato, a criança foi morta.
Natália Ponte dormiu em um colchonete durante os 31 dias em que esteve presa em Franca, SP (Foto: Polícia Civil/Divulgação)Natália Ponte dormiu em um colchonete durante os 31 dias em que esteve presa em Franca, SP
(Foto: Polícia Civil/Divulgação)

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