16 de dezembro de 2013

Delegado apura circunstâncias da queda de aluna da USP em fosso

Andrade diz ser cedo para afirmar se houve negligência de dono de prédio.
Corpo de jovem de 19 anos foi enterrado em São Bernardo do Campo.



Familiares e amigos acompanham caixão de jovem que caiu em fosso  (Foto: Letícia Macedo/ G1)Familiares e amigos acompanham caixão de jovem que caiu em fosso (Foto: Letícia Macedo/ G1)
O delegado titular do 93° Distrito Policial, Paulo Andrade, disse nesta segunda-feira (16) que vai investigar as circunstâncias da queda da estudante Bruna Barboza Lino em um fosso de elevador de um prédio abandonado na Cidade Universitária, Zona Oeste de São Paulo. O caso, ocorrido na madrugada de domingo (15), foi registrado como "morte suspeita".
Segundo o relato de testemunhas à Polícia Civil, a universitária saiu de uma festa na região com amigos e decidiu entrar no prédio abandonado dentro do campus para ir ao banheiro. Ela morreu após cair no fosso, que tinha altura equivalente a três andares.
O delegado Andrade disse que vai visitar o imóvel abandonado e que todos os envolvidos serão ouvidos. Ele acrescentou, porém, que ainda é prematuro afirmar se houve negligência do Instituto Butantan, atual responsável pelo prédio.

“Agora ainda é muito prematuro tecer qualquer comentário. Vamos apurar se foi negligência da moça ou se houve negligência da parte dos responsáveis pela obra. Por enquanto, não há como tecer nenhuma opinião", disse. "No fim do inquérito vamos apontar se houve alguma responsabilidade civil, penal ou administrativa.”
O Instituto Butantan disse que está disponível para investigações e se limitou a informar, em nota, que o espaço "é cercado por muros e grades". Na manhã desta segunda, novos cadeados foram colocados em portões, mas as grades do espaço permaneciam quebradas.

O corpo da estudante, que tinha 19 anos, foi enterrado nesta segunda. A cerimônia ocorreu Cemitério Vila Paulicéia, em São Bernardo do Campo, no ABC, onde mora a família da jovem.
Universitária Bruna Barbosa Lima cursava letras na USP (Foto: Reprodução/TV Globo)Universitária cursava letras na USP.
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Amigo critica abandono
O jovem Bruno Barros, de 21 anos, estava com a universitária e disse nesta segunda que o espaço "é um lugar abandonado" conhecido e frequentado pela comunidade universitária. "A questão não é que a gente foi lá e nós somos culpados. É uma tragédia que a USP e o governo não querem assumir", disse.

Segundo Barros, o local é frequentado por praticantes de parkour, usuários de drogas e pessoas que buscam um local para fazer sexo.
“Não tem sinalização nenhuma. Qualquer pessoa pode entrar. O portão estava aberto, escancarado”, afirmou.

Pedido de socorro
Barros contou que, ao ver a jovem caída no fosso do elevador, ligou para o Samu, mas que a ligação foi desligada pelo atendente por ele não saber informar o endereço exato do acidente.

“Eu liguei para o Samu. Disse que a minha amiga tinha caído de três andares. Eu falei o nome da rua e me perguntaram o número. [Respondi:] é um lugar abandonado. Eu não sei o número daquele lugar. Eles desligaram na minha cara", afirmou.
"Se eu for viver a minha vida pensando no que eu podia ter feito para ela não morrer, eu não vou viver", disse o estudante. Para o estudante, a ambulância chegou entre 20 e 25 minutos.
O G1 procurou o Samu, que afirmou que vai se pronunciar em nota sobre o caso.

A morte
O acidente ocorreu na madrugada de domingo (15). Amigos da estudante disseram à Polícia Civil que estavam em uma festa e ficaram próximo ao local do acidente "para esperar o tempo passar", o que durou cerca de duas horas. Depois de avisar uma das colegas, a estudante teria ido fazer suas necessidades fisiológicas.

Pouco depois, os amigos ouviram um grito e constaram que Bruna havia caído de uma altura de três andares, onde se localiza o fosso de um elevador inexistente. Um dos colegas retirou a vítima do fosso e chegou a fazer os procedimentos de primeiros socorros, sem sucesso.

A Guarda Universitária e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados. De acordo com o boletim de ocorrência registrado, a autoridade policial observou que no local do acidente havia uma fita de contenção, iluminação escassa e latas espalhadas.
Em nota, a USP "lamenta profundamente o falecimento da estudante do 1º ano do curso de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)" e diz que "o prédio onde ocorreu a morte da aluna não pertence à universidade, mas sim ao Instituto Butantan

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