20 de junho de 2011

Temos três hipóteses, uma delas vingança”, diz delegada responsável pelo Caso Rachel Genofre


No final da tarde do dia 03 de novembro de 2008, a menina Rachel Maria Lobo Oliveira Genofre (foto), nove anos, deixava o Instituto de Educação, no Centro de Curitiba, após o término das aulas, por volta das 17h30. O tchau dado pela garota aos colegas de classe, naquela segunda-feira, é a última lembrança que se tem de Rachel ainda viva. O corpo da garota, morta por esganaduras no pescoço, só foi encontrado dois dias depois, na noite do dia 05, dentro de uma mala abandonada embaixo de uma escada, na Rodoferroviária de Curitiba.
Desde então, a delegada Vanessa Alice, do Centro de Operações Policiais Especiais, o Cope, é a responsável pelas investigações do caso. Em entrevista exclusiva, concedida neste sábado (18), ao programa Casos de Polícia, comandado pelo jornalista Antônio Nascimento, ela passou tudo o que sabe sobre o caso, inclusive apontando que três linhas de investigação são seguidas para o crime: sadismo, pedofilia e vingança.
Ainda segundo a delegada, o Caso Rachel Genofre conta com 300 folhas em cada volume, são três de inquéritos e doze de investigações. Especialistas, psicólogos, mais de 100 exames de DNAs realizados, isto é apenas um resumo de tudo o que envolve as investigações.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Vanessa Alice concedida com exclusividade à Banda B:
O início do crime
“Rachel foi ao colégio, assistiu as aulas e por volta das 17h30 saiu. Após isto, atravessou a rua Emiliano Perneta onde seguia até a Praça Rui Barbosa, como fazia todos os dias. Entre a Emiliano e a Rui Barbosa, não foi mais vista. Conversamos com várias pessoas que a conheciam e mantinham contato com ela, já que era alguém bastante comunicativa, mas naquela tarde ninguém a viu. Desapareceu provavelmente neste trecho”, disse a delegada
Ainda segundo Vanessa Alice, naquele dia Rachel não pegou o ônibus para ir embora. “Não chegou a pegar o ônibus, foi abordada por alguém no trajeto, que a convenceu de acompanhá-lo, sem chamar a atenção de ninguém. Dali levou a criança para algum local que não se sabe, a matando ainda no dia 03, segundo a perícia. No dia 05 o corpo foi encontrado em uma mala na Rodoferroviária. Ela foi morta asfixiada por esganaduras no pescoço, com sinais de agressão e abuso sexual, o que pode evidenciar que ela tentou reagir”, explicou.
Linhas de investigação
“Temos até hoje feito estudos sobre crimes que envolvem violência contra crianças, inicialmente era a linha de pedofilia, aumentamos a linha de investigação e passamos a trabalhar também com crime de sadismo e de vingança. O leque foi aberto e agora temos estas três linhas, além de outras que possam surgir”, detalhou Alice.
Pedofilia
O que pesa no fato do crime não ser necessariamente um caso de pedofilia, é o fato do criminoso não ter repetido o ato, como explicou a delegada:
“Foge a regra de um pedófilo deixar a mala, colocar em público, se arriscar. Por isso, abrimos outras linhas de investigação. Um pedófilo sempre repete o ato, não consegue fazer apenas uma vez, é uma doença, na minha avaliação. Com o Caso Rachel efetuamos e tiramos de circulação outros pedófilos, o que neste sentido deve ser comemorado”, contou.
Vingança
Para a delegada, a hipótese de vingança não pode ser descartada, já que existe a possibilidade do autor do crime ser conhecido de Rachel. “É uma possibilidade que existe, mas sem nada de concreto, já que ouvimos testemunhas e até agora não encontramos ninguém com um motivo tão forte para ter matado a Rachel. A família é grande e tem um rol de relacionamentos extenso. São pais, mães, tios, parentes, amigos, muitas pessoas foram investigadas, outras estão sendo e ainda serão”, detalhou.
Suspeitos investigados


Retrato falado de suspeito divulgado pela Polícia Civil

Quanto aos suspeitos já investigados, a delegada lembrou que a prova orgânica, o DNA, foi deixado no corpo de Rachel. Tanto que, pelo menos 100 pessoas já passaram por exames para saber se seriam os responsáveis pela morte da menina:
“Fizemos exames em inúmeros suspeitos, além de familiares, parentes, amigos. Tudo que chega de relevante ao Cope é feita uma declaração para a solicitação de exames”, disse ela.
Além disso, a delegada contou que vários locais do Centro de Curitiba, nas proximidades da Rodoferroviária, na qual Rachel foi deixada morta, foram investigados, no entanto, sem provas concretas encontradas:
“Primeiramente acreditamos que a mala deixada na Rodoferroviária foi comprada na Casa das Mochilas, próximo ao local, mas também nos dirigimos a outros estabelecimentos. Todos os hotéis no Centro foram visitados, tem alguns relatórios que mostram este trabalho, mas sem indícios de que a menina estaria nestes estabelecimentos antes de ser morta”, detalhou.
Escolha do local
Questionada sobre o motivo de o criminoso ter escolhido a Rodoferroviária para deixar o corpo, Vanessa Alice passou as possibilidades:
“Existe a possibilidade de que ele embarcou em algum ônibus e desistiu de levar a criança. Ou então ele pensou que era um local público em que não chamaria atenção de ninguém por estar passando por ali com a mala. Também a proximidade com o Centro, com tráfego intenso de pessoas e na ocasião do fato não ter câmeras, ele deixou a mala sem ser percebido”, opinou.
A delegada também apontou que um exame de perícia mostrou que as rodas da mala utilizada pelo criminoso aparentavam sinais de pouco uso. "Com esta prova ou o criminoso estava nas proximidades ou foi até o local de carro e por isso andou pouco com a mala", disse.
O perfil do criminoso
Questionada sobre qual seria o perfil do criminoso, a delegada ponderou que provavelmente é alguém que planejou o crime, mas não inteligente o suficiente para encobrir uma das principais provas; o DNA:
“Conversei com vários psicólogos para traçar o perfil do autor, é uma pessoa realmente inteligente, mas não ao ponto de ser um gênio, por ter deixado material orgânico, que irá identificá-lo. Esta é a prova cabal e quando for preso, não teremos dúvidas”, destacou.
As redes sociais e o computador
A participação de Rachel em redes sociais e livre acesso ao computador, também é uma linha de investigação por parte do Cope, segundo a delegada:
“Era uma menina comunicativa, que participava das redes sociais. Temos todas as informações, inclusive recebemos esta semana mais coisas sobre a memória do computador. Algumas mensagens mandadas no orkut após a morte também estão sendo avaliadas. O fato dela usar o computador sempre e estar nas redes sociais pode ter facilitado a vida do criminoso”, ressaltou.
Recado final, as investigações continuam:
“Tenho recebido diariamente informações que são verificadas. A pessoa pode ligar no 3284-6562, sem se identificar. O que eu peço são que denúncias infundadas não sejam feitas, às vezes motivadas apenas por questões pessoais quanto ao denunciado. Já tivemos problemas judiciais por isso”, disse ela, que finalizou dando um recado à família e amigos de Rachel:
“Eu não paro. Sempre vamos incansavelmente à busca das informações, trabalhos estão sendo feitos. Queremos o autor deste crime na cadeia, vamos até o fim nisto, ele vai ser preso”, concluiu.
Programa Casos de Polícia: todo sábado a partir das 22h na Rádio Banda B, em seguida, às 23h Resumo dos Fatos da Semana com Geovane Barreiro.

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