28 de junho de 2011

Pescadores resgatados após ficarem à deriva contam drama do naufrágio

Após saírem de Cabo Frio, eles ficaram mais de 20 dias desaparecidos.
Eles ficaram sem comida e, sem água, chegaram a beber a própria urina.

Os seis tripulantes do barco “Wiltamar III” enfrentaram fome, frio e sede nos 18 dias que ficaram à deriva até serem resgatados na noite de segunda-feira (27). Segundo um deles, na luta pela sobrevivência em alto-mar e sem saber quando seriam encontrados, chegaram a beber suas próprias urinas para não morrer desidratados. O estoque de alimentos que eles levaram era suficiente apenas para 12 dias.
“No desespero você faz qualquer coisa. A gente precisava era resistir para sobreviver até que alguém aparecesse para nos salvar. Graças a Deus estamos vivos”, disse Maicon Lima Santos, 24 anos, um dos pescadores resgatados na tarde desta terça-feira (28), ao chegar na sede da Capitania dos Portos, na Praça XV, Centro do Rio.
Na embarcação também estavam o mestre Zenildo de Oliveira Pacheco, 31, Leandro Vidal Martino, 39, Gilney da Silva, 56, José da Conceição, 36, e Cristiano Pereira de Souza, 33. Eles foram recebidos pelos familiares em clima de muita emoção.
Pedro Gilson Araújo, dono do 'Wiltamar III', que ficou à deriva por 18 dias (Foto: Aluizio Freire/G1)Pedro Gilson Araújo, dono do 'Wiltamar III', que
ficou à deriva por 18 dias (Foto: Aluizio Freire/G1)
Mesmo falando com dificuldade, Zenildo disse, já dentro da ambulância que o levaria para o hospital, que acredita que o barco foi atingido por uma grande onda, que teria quebrado a embarcação.
Maicon lembrou que “enfrentaram um mar muito forte, violento” . O comandante de mar e guerra Walter Eduardo Bombarda lembrou que no período em que eles estavam em alto-mar receberam a notificação de períodos de ressacas provocadas por uma frente fria.
O dono do “Wiltamar III”, Pedro Gilson Araújo, afirmou que a embarcação estava em bom estado, contava com rádios e outros equipamentos de segurança e que tinha autorização para navegar em alto-mar até 38 quilômetros da costa.
“O que aconteceu, infelizmente, foi uma fatalidade. Mas graças a Deus todos conseguiram resistir e foram resgatados com vida”, disse, ao receber a tripulação na Praça XV.
Pescador resgatado após ficar mais de 20 dias desaparecido chega de maca à Capitania dos Portos nesta terça (28)  (Foto: Aluizio Freire/G1)Outro pescador, envolto por cobertor para evitar hipotermia, é levado para a ambulância (Foto: Aluizio Freire/G1)
Os seis pescadores chegaram à Capitania dos Portos do Rio de Janeiro, no Centro do Rio, por volta das 15h desta terça-feira (28). Eles foram recebidos pelas famílias em clima de muita emoção. Três dos resgatados chegaram à Capitania dos Portos em macas, cobertos por película isolante para evitar a hipotermia. Os outros chegaram amparados por marinheiros, aparentando fraqueza, e mal conseguiam andar.
Ambulâncias do Corpo de Bombeiros aguardavam os pescadores, que estão sendo levados para os hospitais Souza Aguiar, no Centro, Miguel Couto, no Leblon, na Zona Sul, e para Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte do Rio.
Resgate em Itajaí
Um navio mercante resgatou os pescadores na noite de segunda-feira (27). O barco deles, chamado “Wiltamar III”, saiu de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, no dia 1º de junho e foi encontrado a cerca de 180 km da Costa de Itajaí, em Santa Catarina.

Pescador resgatado após ficar mais de 20 dias desaparecido recebe carinho de parente nesta terça (28) (Foto: Aluizio Freire/G1)Pescador resgatado após ficar mais de 20 dias
desaparecido recebe carinho de parente
nesta terça (28) (Foto: Aluizio Freire/G1)
De acordo com a Capitania dos Portos, os pescadores chegaram de navio até a entrada da Baía de Guanabara. Depois seguiram numa lancha até a sede da Capitania.
Segundo comunicado da Marinha, todos foram localizados com vida e aparentemente em bom estado de saúde.
De acordo com o comandante de mar e guerra Walter Eduardo Bombarda, as causas do naufrágio serão investigadas através de um inquérito administrativo. Mas, segundo as primeiras informações, a embarcação, que foi encontrada pelo navio mercante “Marola”, de bandeira italiana, a 290 milhas sudeste do Rio de Janeiro, na divisa de Santa Catarina, cumpria as exigências de navegação.
O Comando do 1º Distrito Naval iniciou uma grande operação de busca e salvamento no dia 10, logo que foram informados que a embarcação não havia retornado ao porto de destino. A previsão de retorno da embarcação era no dia 9.
“Foi acionado o sistema de salvaguarda da vida humana no mar, mobilizados navios e aeronaves da Marinha para localizar a embarcação. Com essa operação, que contou também com chamadas de rádio a todos os navios mercantes que trafegavam na área, que conseguimos êxito”, explicou o comandante Bombarda.

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