“A carta tem detalhes do local, que seria um poço dentro de um convento, ou algo parecido, em um bairro da região norte de Belo Horizonte (MG). Estou confiante porque a pessoa que escreveu foi muito firme, contou detalhes”, disse.
O advogado assistente de acusação do caso, José Arteiro Cavalcante Lima, disse também ter recebido um telefonema com o mesmo endereço e detalhes descritos na carta. Arteiro afirmou que vai encaminhar um ofício à juíza Marixa Fabiane Lopes para que ela peça novas buscas no local.
“Vou enviar a carta também para a polícia. É o mesmo local descrito tanto na carta quanto na ligação. Há uma chance grande, vamos ver”, completou Arteiro. O lugar descrito é próximo ao Parque Lagoa do Nado, onde a polícia chegou a realizar buscas em uma lagoa.
Dois anos depois do sumiço de Eliza, ainda não há vestígios do corpo ou restos mortais dela. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, é acusado pela Justiça de ser a pessoa quem a estrangulou e depois esquartejou. Os restos teriam sido jogados para cães comerem.
Entretanto, a mãe de Eliza não crê na parte final desta versão: “Acredito que foi ele, a mando do Bruno, com ajuda do Macarrão, com a omissão da Dayanne, mas não acredito nessa história dos cães”, disse.
Sônia, que está em Belo Horizonte com o neto, o suposto filho de Bruno, revelou que já até escolheu um caixão e providenciou detalhes do funeral de Eliza, caso o corpo seja encontrado: “Quero apenas enterrar (em Campo Grande-MS) minha filha, até para o meu neto ter uma referência de onde a mãe dele está. Ele sabe que ela não está conosco mais, mas quando crescer vai querer saber mais da mãe”, afirmou.
O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.
Fonte: terra.com
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