1 de julho de 2011

'A gente gritou que estava muito rápido', diz criança ferida em trem

O acidente com um trem turístico que tombou e deixou 25 pessoas feridas - entre elas 23 crianças - na tarde da quinta (30) em Piracicaba, no interior de São Paulo, deixou os pais assustados e os alunos, alguns com pouco mais de 2 anos de idade, ainda sem entender bem como tudo aconteceu.
Gabriel Rontani, de 6 anos, uma das vítimas, falou com o G1 sobre o episódio e contou que, momentos antes da queda, a velocidade do veículo estava alta. “Quando o trenzinho estava descendo, a gente gritou que estava muito rápido.” O menino sofreu uma luxação no pé e uma pancada nas costas.
O grupo de alunos da escola particular Sossego da Mamãe fazia o trajeto da escola até um salão infantil para comemorar o aniversário de uma das crianças. Uma professora chegou a ficar presa nas ferragens, mas, de acordo com os bombeiros, não houve vítimas com ferimentos graves. Ao todo, o veículo transportava 37 pessoas: nove professores, 25 crianças e três familiares do aniversariante.
“Eu não chorei nada, só engoli um pouco de poeira”, lembrou Gabriel, que estava sentado na beirada do segundo vagão. “Quando a gente saiu do trem, ficou tremendo”, completou o garoto, que deixou o local no carro dos bombeiros para ser atendido em um hospital particular da cidade.
“O cenário era de desolação, como se tivesse desabado alguma coisa. Choro de crianças, bombeiros, polícia. É complicado ver crianças de 2 a 5 anos chorando”, disse o jornalista Edson Rontani, de 44 anos, pai do menino, ao chegar ao local.
O trem tombou na Rua São José, que tem uma ladeira bem íngrime. A direção da escola informou que o motorista tentou fugir quando o trem tombou. No boletim de ocorrência, consta que duas professoras pediram para que ele mudasse o trajeto “diante do declive acentuado da rua”. A versão foi contestada pela mulher do motorista, identificado como João Francisco Tuono.
Na casa dele, a mulher, que não quis se identificar e recebeu a reportagem no portão, disse que o marido “estava muito abalado e não daria entrevista". “Ele já falou tudo o que tinha para falar, inclusive no local do acidente.”
A pequena Maria Julia, de 2 anos, foi uma das vítimas. “Ela só fala que o trem caiu, é o que ela entende. Mas ficou sem nenhum arranhão e não está assustada”, disse a psicóloga Maria Carolina Ramos, de 31 anos, mãe da criança que vinha sentada no colo de uma professora no primeiro vagão.
Mesmo considerando o acidente uma fatalidade, a psicóloga contou que não vai mais deixar sua filha participar desse tipo de passeio. "A gente estava apreensivo. Primeiro falei que não, mas como ia toda a escolinha fiquei com dó.”
A mãe de outra criança que estava no trem também eximiu a escola e a mãe da aniversariante, que contratou o trem do Lar dos Velhinhos para levar o grupo até o local do evento, de qualquer responsabilidade. “Foi uma fatalidade, mas que sirva de lição para ver o que aconteceu." A mulher, de 41 anos, é medica e pediu para que o seu nome e o da filha não fossem divulgados. A menina não se machucou. No entanto, foi encaminhada a um hospital assim como as outras vitimas. “Fiquei apavorada porque vi crianças arranhadas no hospital”, disse a médica.
Uma professora que se identificou apenas como Lígia, de 31 anos, ficou ferida no acidente. Pouco antes das 20h ela deixou o hospital. Os médicos constataram que ela tinha sofrido uma pancada no ombro esquerdo e apresentava escoriações na mão esquerda. “Ainda estou em choque. Na hora, só quis salvar as crianças." Ela disse não se lembrar de como foi o acidente. “Não sei como ele (trem) virou, mas não parecia estar correndo."
Crianças são atendidas após acidente (Foto: Nikolas Capp/EPTV)Crianças são atendidas após acidente (Foto: Nikolas Capp/EPTV)

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