31 de janeiro de 2013

Máquinas trabalham em frente à boate Kiss durante nova perícia

 
Máquina trabalha em frente à boate Kiss (Foto: Tatiana Lopes/G1)Máquina trabalha em frente à boate Kiss (Foto: Tatiana Lopes/G1)
Enquanto técnicos do Instituto Geral de Perícias e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul  realizam nova vistoria na boate Kiss, familiares e amigos de vítimas ainda procuram o local para fazer homenagens. Por voltas 17h, uma máquina chegou ao local e começou a quebrar parte da calçada em frente à boate. As informações sobre a nova perícia serão reveladas em entrevista coletiva no fim da tarde desta quinta-feira (31).
Parentes, amigos e até desconhecidos prestam homenagens às vítimas do incêndio em Santa Maria (Foto: Vanessa Felipe/RBS TV)Parentes, amigos e até desconhecidos prestam
homenagens às vítimas do incêndio em Santa
Maria (Foto: Vanessa Felipe/RBS TV)
Funcionária da boate, Marfisa Caminha era a responsável por receber o pagamento dos clientes e não resistiu ao fogo na madrugada de domingo (27), deixando um filho de 11 anos. "Ela morreu trabalhando. Não é justo. E agora, quem vai pagar por isso? É um absurdo. Não pode ficar assim", lamenta Paulo Caminha, tio da vítima.
No cartaz em homenagem à funcionária, está escrito a seguinte mensagem: "Marfisa Caminha falaceu nesta tragédia lutando para dar uma vida melhor ao se filho de 11 anos. Saudade eterna da tua família", diz o cartaz.
Mais cedo, um homem passou mal em frente à boate. Ele perdeu uma filha na tragédia e está recebendo apoio psicológico. Muito abalado e debilitado, foi levado por uma ambulância do Samu para atendimento no hospital.
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, deixou 235 mortos na madrugada do último domingo (27). O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. De acordo com relatos de sobreviventes e testemunhas, e das informações divulgadas até o momento por investigadores, é possível afirmar que:
- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso.
- Era comum a utilização de fogos pelo grupo.
- A banda comprou um sinalizador proibido.
- O extintor de incêndio não funcionou.
- Havia mais público do que a capacidade.
- A boate tinha apenas um acesso para a rua.
- O alvará fornecido pelos Bombeiros estava vencido.
- Mais de 180 corpos foram retirados dos banheiros.
- 90% das vítimas fatais tiveram asfixia mecânica.
- Equipamentos de gravação estavam no conserto.
Prisões
Quatro pessoas foram presas na segunda por conta do incêndio: o dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr; o sócio, Mauro Hofffmann; o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo Santos; e um funcionário do grupo, Luciano Augusto Bonilha Leão, responsável pela segurança e outros serviços.
Investigação
O delegado Marcos Vianna, responsável pelo inquérito do incêndio na boate Kiss, disse ao G1 na terça-feira (29) que uma soma de quatro fatores contribuiu para a tragédia ter acabado com tantos mortos: 1) o fato de a boate ter só uma saída e a porta ser de tamanho reduzido; 2) o uso de um artefato sinalizador em um local fechado; 3) o excesso de pessoas no local; e 4) a espuma usada no revestimento, que pode não ter sido a mais indicada e ter influenciado na formação de gás tóxico.
O delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, afirmou também na terça que a Polícia Civil tem "diversos indicativos" de que a boate estava irregular e não podia estar funcionando. "Se a boate estivesse regular, não teria havido quase 240 mortes", disse em entrevista. "Mas isso ainda é preliminar e precisa ser corroborado pelos depoimentos das testemunhas e os laudos periciais", completou.
Arigony disse ainda que a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, próprio para ambientes abertos e que não deveria ser usado durante show em local fechado. "O sinalizador para ambiente aberto custava R$ 2,50 a unidade e, para ambiente fechado, R$ 70. Eles sabiam disso, usaram este modelo para economizar. Usaram o equipamento para ambiente aberto porque era mais barato”, disse o delegado.
O vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo Santos, admitiu em seu depoimento à Polícia Civil que segurou um sinalizador aceso durante o show, de acordo com o promotor criminal Joel Oliveira Dutra. O músico disse, no entanto, que não acredita que as faíscas do artefato tenham provocado o incêndio. Ele afirmou que já havia manipulado esse tipo de artefato por diversas vezes em outras apresentações.fonte g1

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