Um escrivão da Polícia Civil de Jaguapitã (a 72km de Maringá) foi preso no sábado (2) e indiciado pelos crimes de tortura, posse de arma de fogo e munições - de calibre restrito -, peculatos e ocultações de documentos públicos. Fábio Rafael Gonçalves de Souza está em uma cela especial na Delegacia de Primeiro de Maio (a 156km de Maringá).
Na casa do escrivão foram encontrados diversos documentos de interesse da Polícia Civil, para instruir investigações; documentos sonegados da Polícia Civil contendo relatos de crimes; cheques preenchidos em diversos valores em nome do funcionário; documentos pessoais de terceiros; documentos contendo informações sigilosas e pessoais de investigadores de polícia de Primeiro de Maio.
"A Polícia Civil está realizando a triagem e conferência desses documentos, visto que muitos inquéritos policiais não foram instaurados, principalmente entre 2011 e 2012, existindo suspeita de acerto", afirmou o promotor de Justiça Eriton Cristiano Dalmaso. "Além disso, Fábio Rafael é afilhado do atual Prefeito de Jaguapitã e, segundo relatos dos investigadores da Polícia Civil, do ato da prisão, o rapaz teria ligado para o político informando de sua prisão e referindo-se a ele como 'padrinho'", disse.
Investigação
A conduta irregular do escrivão começou a ser investigada no início deste ano após o designação de um novo comandante para a Delegacia de Jaguapitã. O promotor de Justiça lembra que a cidade ficou sem delegado titular de agosto de 2011 a janeiro deste ano, e que o delegado de Rolândia respondia pela comarca no período.
"Em janeiro deste ano, o delegado Maurício de Oliveira Camargo assumiu o cargo como titular no município e, durante inspeção realizada ao assumir, encontrou documentos referentes a um auto de prisão em flagrante e auto de fiança no porta luvas de veículo utilizado em serviço pelo escrivão Fábio Rafael Gonçalves de Souza". O funcionário, que na realidade é zelador da delegacia, foi nomeado escrivão há oito anos por delegados anteriores.
Os documentos encontrados foram conferidos e, segundo a Promotoria, verificou-se que não havia sido instaurado inquérito policial, não havia sido feito depósito judicial do valor da fiança e nem comunicado o Juiz do flagrante. "A fiança foi paga por cheque e esse cheque foi sacado na 'boca do caixa' por Fábio Rafael", relata o promotor. Além disso, o funcionário já havia sido denunciado por porte ilegal de arma de fogo e por agressão a uma criança de 11 anos, chegando a "quebrar-lhe um dente por fatos envolvendo tráfico de drogas", explicou o promotor.
Além dos documentos, foram encontradas na casa de Souza três armas de fogo - uma garrucha calibre 22, uma pistola calibre 6,35 e 01 revólver calibre 38 -; 122 munições, inclusive de calibre restrito (calibre 357).
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