8 de setembro de 2015

Quase um ano depois do naufrágio no Pantanal, sobrevivente diz que ainda tem pesadelos que esta afundando


Fotos: Gustavo Carneiro
O agricultor Valdecir Freitas nadou muito para evitar a morte: ele diz que evita conversar sobre a tragédia quanto encontra outros sobreviventes
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Alvorada do Sul – O naufrágio do barco-hotel "Sonho do Pantanal" ainda é um pesadelo que permanece vivo na memória da pequena Alvorada do Sul, município com pouco mais de 10 mil habitantes na Região Metropolitana de Londrina, de onde partiram 10 turistas para a pescaria no Rio Paraguai, um programa entre amigos que terminou em tragédia no final da tarde do dia 24 de setembro de 2014. Seis alvoradenses-do-sul morreram e outros quatro foram resgatados com vida entre Porto Murtinho (MS) e a cidade paraguaia de Carmelo Peralta. Após um ano, sobreviventes e familiares buscam a superação na fé e na ciência. Além das orações e o apoio da paróquia de Alvorada do Sul, as vítimas também contam com acompanhamento psicológico oferecido pelo município.

"Não tem como fugir da memória. Ainda tenho pesadelos que estou afundando, mas depois acordo e percebo que foi só mais um sonho ruim", revelou o agricultor Valdecir Fernandes Freitas, 48 anos. Ele evita conversar sobre o assunto quando encontra os outros sobreviventes da tragédia, que ainda levou a vida de turistas de Sabáudia e Londrina.

O agricultor lembrou que estava no fundo da embarcação, parte que afundou primeiro durante a forte chuva e ventania no Rio Paraguai, e para sobreviver nadou cerca de 300 metros até ser resgatado por uma comunidade indígena. "O tempo fechou e a gente pediu para o dono da chalana encostar na margem, mas depois a chuva parou e continuamos a viagem. Em seguida, a tempestade veio e afundou o barco rapidamente. Como eu sabia nadar, não coloquei o coleta salva-vidas, o que evitou que eu ficasse preso dentro da embarcação", recordou.

Freitas disse que recebeu apoio de psicólogos em Porto Murtinho após o resgate e buscou conforto na religião quando voltou para casa. "Me apeguei em Deus e vou sempre na missa. Mas, mesmo passando vários anos acho que vai ser difícil esquecer. A gente saiu para se divertir e a viagem acabou virando um pesadelo", comentou. Durante o último ano, o agricultor superou o trauma e voltou a pescar no próprio barco. "Eu vejo como o tempo está antes de sair e controlo o barco. Mas nunca mais vou pescar de chalana", acrescentou. (reelembre o caso)

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