7 de janeiro de 2014

Bisavô morre ao saber que neta de seis anos foi queimada em ataque a ônibus no Maranhão


Dasico Rodrigues da Silva, 80, se sentiu mal domingo (5) ao ser comunicado que a neta estava internada.

Ana Clara Santos Sousa
Ana Clara Santos Sousa
Foto: Divulgação

O bisavô da menina Ana Clara Santos Sousa, 6, uma das vítimas queimadas no ataque aos quatro ônibus em São Luís, ocorrido na última sexta-feira (3), teve um infarto e morreu no domingo (5) ao saber que sua neta havia sido ferida na ação. A menina morreu nesta segunda-feira (6), depois de ficar dois dias internada.

Dasico Rodrigues da Silva, 80, se sentiu mal domingo (5) ao ser comunicado que a neta estava internada. Ele foi socorrido por familiares, mas morreu a caminho do hospital.

  Ana Clara teve 95% do corpo queimado ao ser atingida por combustível que foi jogado por criminosos em um ônibus que circulava pela Vila Sarney, em São José de Ribamar (região metropolitana de São Luís). Outras quatro pessoas ficaram feridas.

Os incêndios em três dos quatro ônibus atacados por criminosos foram ordenados por presos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas em retaliação a ação da polícia na carceragem. Lá, 60 presos foram assassinados em 2013.

Nesta segunda-feira (6), a polícia prendeu sete pessoas acusadas de participar dos ataques aos ônibus. Um dos presos está com o braço e algumas partes do corpo queimadas, o que evidenciaria a participação dele nas ações. Até agora, já são 17 pessoas capturadas, incluindo menores apreendidos.

Na noite do sábado (4), a polícia diz ter prendido o suspeito de coordenar os ataques aos ônibus foi preso pela polícia no bairro Monte Castelo.

Segundo a polícia, Hilton John Alves Araújo, 27, vulgo "Praguinha", recebeu as ordens de Jorge Henrique Amorim Martins, 21, o "Dragão", que lidera uma das facções que agem no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, para incendiar ônibus na capital maranhense.

AS AÇÕES

Quatro ônibus foram atacados na noite de sexta-feira (3) em retaliação a operação "Pedrinhas em Paz", dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, realizada pela Tropa de Choque da PM (Polícia Militar). Três dos quatro coletivos foram incendiados e cinco pessoas ficaram feridas, sendo elas duas crianças, a mãe delas, uma mulher e um homem.

Por causa das ações, os ônibus deixaram de circular em São Luís na noite de sábado (4) e só retornam às 5h de domingo (5). A paralisação do serviço de transporte coletivo, das 18h às 5h, continuou no domingo e nesta segunda-feira.

Durante a ação da polícia nos presídios, o prédio do 9º DP (Distrito Policial), localizado no bairro São Francisco, foi atingido por disparos. Na noite de sábado (4), a delegacia do bairro da Liberdade, em São Luís, foi alvo de tiros. Os disparos atingiram a porta da delegacia e um carro policial. Não houve feridos.

ESTUPROS

Segundo relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), mulheres e irmãs de presos que não são líderes de facções ou comandam pavilhões nos presídios são estupradas dentro das celas em dias de visita. Há relatos também de estupros fora dos presídios, também ordenados por integrantes dessas facções.

Ainda segundo o CNJ, a disputa dos grupos pelo domínio dos presídios de Pedrinhas já causou assassinatos e estupros em mulheres de presos que não são chefes de setor ou líderes, e acaba comprometendo a segurança do local.

"Em dias de visita íntima no Presídio São Luís I e II e no CDP, as mulheres dos presos são postas todas de uma vez nos pavilhões e as celas são abertas. Os encontros íntimos ocorrem em ambiente coletivo. Com isso, os presos e suas companheiras podem circular livremente em todas as celas do pavilhão, e essa circunstância facilita o abuso sexual praticado contra companheiras dos presos", informou o juiz Douglas de Melo Martins.


FONTE: Folha

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