14 de fevereiro de 2019

Só em 2019 mortes de 12 bebês, 16ª Regional de Saúde investiga

A 16ª Regional de Saúde (RS) de Apucarana está investigando as 12 mortes de bebês ocorridas no primeiros 40 dias de 2019 no município. O órgão admite que o número é acima do normal, mas aponta que, dos 12 óbitos, apenas um não era uma situação de risco, de acordo com o relatório preliminar das causas.
Seis destes casos são considerados mortes infantis, quando o bebê nasce vivo, mas vem a óbito por conta de alguma complicação. Em três destes casos, foi constatada redução na oxigenação do feto dentro do útero (dois deles eram prematuros). Em outros dois casos, a mãe apresentava alguma doença que pode ter levado à morte dos bebês. O último caso é de uma complicação da gravidez.
As outras seis são mortes fetais, que ocorrem antes do nascimento. Em dois destes casos, a mãe apresentava patologias que podem ter levado ao óbito dos fetos. Outros dois tinham má formação cardíaca. Um apresentou problemas respiratórios e o último caso registrou morte súbita. Este último deverá receber uma maior atenção por parte da equipe técnica, visto que é o único sem possível causa contemplada.
“Apenas um caso, dentre os 12 mencionados, não apresenta algum fator de risco como possível causa. Este feto, inclusive, está no Instituto Médico Legal passando por autópsia para identificar a causa da morte. Houve sim um número de mortes acima da média, mas quase todas têm causas preliminares plausíveis”, destaca o chefe da 16ª RS, Altimar Carletto.
Segundo ele, as causas definitivas para as mortes precisam ser confirmadas em até 120 dias, mas podem sair antes deste prazo. Para isto, a 16ª RS tem o Grupo Técnico de Agilização e Revisão de Óbitos (GTARO), que se reuniu ontem durante a tarde para discutir os casos.
“É preciso ressaltar que as mães precisam fazer o acompanhamento pré-natal corretamente, tomar os medicamentos receitados e fazer os exames necessários. A qualquer sintoma, um médico deve ser procurado imediatamente. Boa parte do êxito de uma gravidez vem destes cuidados”, afirma Carletto.
Uma das 12 mortes aconteceu em Londrina, mas também é acompanhada pois a mãe é de Arapongas. As outras foram no Hospital da Providência Materno Infantil, em Apucarana, referência para atendimentos neonatais na região. Apesar disso, apenas quatro mães são apucaranenses. Três são de Arapongas e duas de Novo Itacolomi. As outras são de Mauá da Serra, Rio Branco do Ivaí e São Pedro do Ivaí.
A situação foi motivo de discussão na Câmara dos Vereadores de Apucarana, que aprovou a convocação da irmã Geovana Ramos, diretora-geral do hospital, para prestar esclarecimentos.

Mãe critica atendimento

Uma das mães que perdeu o bebê neste ano foi a costureira apucaranense Ivanilda Silva, que afirma ter dado entrada no Materno Infantil no dia 25 de janeiro, já em trabalho de parto. “Fiquei 16 horas em trabalho de parto, mas não tive dilatação suficiente. Tentaram induzir o parto, mas não deu certo. Só quando o bebê não apresentou mais batimento cardíaco que decidiram pela cesárea, mas já era tarde”, diz ela.
“Tentaram reanimar meu filho, mas não adiantou. Se tivessem feito a cesárea antes, poderiam ter salvo meu bebê. Não foi fatalidade, foi um erro grave. Assim que sair o laudo do IML, devemos processar o hospital”, afirma.
O Hospital da Providência Materno Infantil, por sua vez, divulgou ontem uma nota de esclarecimento informando que no local “são realizados em média 234 partos mensalmente”. Segundo a nota, as gestantes que apresentam fatores de risco “recebem o atendimento hospitalar durante todo seu internamento com médicos obstetras durante 24 horas, onde são oferecidos exames específicos relacionados a doença e/ou sintomas, visando diminuir riscos para a mãe e o bebê”.
O texto finaliza apontando que, “apesar de todos os recursos da medicina moderna disponíveis no hospital e de todo o atendimento prestado, há casos mais críticos que, para a tristeza de toda nossa equipe, evoluem para óbito, em decorrência da prematuridade ou complicações de recém-nascido”.(Tnonline)

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